terça-feira, 26 de abril de 2011

A importância de ser escutado

Ainda hoje , em cidades pequenas , no interior do nosso país, o hábito de chegar no beiral da janela ou ficar no portão facilita o "jogar conversa fora".

É certo que este hábito cria muita fofoca e malidicência. Mas por outro lado, as pessoas sempre tem alguém para falar. As famílias moram perto umas das outras , e sempre há uma "tia"que é conhecida por ser boa ouvinte, com quem se pode desabafar.

Em cidades grandes , devido a  necessidade de segurança, isolamo-nos. comunicamo-nos muito mais virtualmente do que pessoalmente. Sem falar das distâncias e do trânsito, que impedem uma maior proximidade  com nossos familiares e amigos.

Muitas pessoas adoecem por não terem com quem falar de seus problemas , seus sonhos, seus medos, etc. Sem contar os idosos que, pela dificuldade de locomoção e a falta de independência, acabam abandonados em suas casas ou até nos asilos ou hospitais.

O que fazer? Como solcionar esre problema?

Precisamos reaprender a escutar, escutar os filhos, os pais, os amigos. Pode ser uma prática bem interessante.

Prestem bem atenção : estou falando em escutar e não ouvir. Uma coisa é a nossa capacidade de ouvir, e outra , bem diferente, é a atitude de escuta.

Quem escuta deve estar disposto a compartilhar a intimidade do outro. E o que abriga nossa intimidade? Abriga as nossas decisões, interesses e motivações, o que a pessoa percebe, sente , pensa, recorda, projeta e faz; as consequências de tudo isto ; as intenções que a animaram, as frustrações que sobrevieram; as alegrias; as tristezas; os êxitos e os fracassos.

Isto quer dizer que temos um mundo interior rico e complexo , normalmente blindado para estranhos. Mas é nesse mundo onde nascem nossos ideais, de onde brotam nossas idéias e , se não   os     compartilhamos, esses projetos acabam por não se realizar.

O fenômeno das redes sociais é hoje uma realidade onde as pessoas trocam idéias, saem de si mesmas, dividem alegrias e tristezas, trocam informação, contato e tanto mais.

Essa nova forma de comunicação virtual é útil e necessária, mas não substitui a presença fisica de uma pessoa com um ouvido atento, com uma vontade decidida  de penetrar dentro do que é possivel, na intimidade do outro para oferecer um estimulo, uma palavra de ânimo, um conselho, um consolo e , muitas vezes, um silêncio eloquente e respeitoso, cheio de carinho.

A intimidade só consegue a sua posse definitiva e sua plenitude  quando compartilhada com outros. É  tão imperiosa a necessidade humana de falar que, na ausência do outro a quem dirigir a palavra, a pessoa não resiste ao seu murmúrio interior e fala consigo própria. É falar ou arrebentar.

Por isso essa necessidade crucial do diáogo. Precisamos que nos escutem porque se alguém nos entende , acabamos por nos entender a nós mesmos.

Se quisermos treinar esta atitude de verdadeiramente escutar, é bem fácil. Quando alguém chega do seu lado, contenha-se. Acolha com o olhar, com a postura ( desligando a TV, fechando o jornal, ou desligando o celular ) e dê um tempo para que aquela intimidade, muitas vezes sofrida, solte-se e encontre em você esta deliciosa acolhida. Você certamente ganhará com isso.

Um comentário:

  1. E e pela falta de tempo das pessoas e por esta trava de intimidade , que nós psicólogos acabamos sendo essenciais a sociedade.

    ResponderExcluir